A HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO: O LIVRO DIDÁTICO E O

3y ago
46 Views
2 Downloads
565.89 KB
10 Pages
Last View : 4d ago
Last Download : 10m ago
Upload by : Brenna Zink
Transcription

1A HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO: O LIVRO DIDÁTICO E O PROJETO“PRIMEIRO APRENDER” NAS EXPERIÊNCIAS VIVIDAS POR PROFESSORESISAÍDE BANDEIRA DA SILVA*ZILFRAN VARELA FONTENELE**IntroduçãoNeste artigo apresentamos parte de uma pesquisa desenvolvida no Grupo ePesquisa “História, Memória, Sociedade e Ensino” (registrado na CAPES), no qualanalisamos como acontecem os usos ou desusos dos livros didáticos de História adquiridospelo Programa Nacional do Livro Didático e dos Cadernos do projeto “Primeiro, aprender!”durante as aulas de História do 1º. Ano do Ensino Médio a partir das experiências vividas pordiferentes atores sociais do cenário da educação formal.Escolhemos como campo de investigação duas escolas públicas de Ensino Médiosituadas no município de Quixadá. Sendo uma no Centro de Quixadá, a EEM CoronelVirgílio Távora (Estadual), que é considerada uma das melhores escolas públicas de Quixadá.E outra, EEFM Abraão Baquit, localizada no bairro Campo Novo, que é considerado pelapopulação quixadaense um dos bairros mais problemáticos no que diz respeito aos problemassociais, com alto índice de violência e maior taxa de analfabetismo da cidade.Fizemos entrevistas semi-estruturadas com oito sujeitos do lócus escolar: duastécnicas da CREDE 121, dois diretores, dois coordenadores e dois professores de História doEnsino Médio das escolas pesquisadas.Utilizamos para o suporte teórico uma pesquisa bibliográfica, para estabelecerrelações entre os elementos que constituem a problemática do Ensino de História e os usosdos livros didáticos. Portanto, recorremos a autores que lidam com as seguintes temáticas:Educação, História, Ensino de História e Livro Didático.* Professora Adjunta do Curso de História da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Graduada em Históriapela UECE. Especialista em Educação pela UVA. Mestre em História pela UFC. Doutora em Educação pelaUFRN.** Professor do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN).Graduado em História pela UECE. Mestrando no Programa de Pós-Graduação da UniversidadeEstadual do Rio Grande do Norte (UERN).1CREDE 12 Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação, que coordena oito municípios doSertão Central do Ceará, são eles: Banabuiú - Boa Viagem – Choro – Ibaretama – Ibicuitinga – Madalena –Quixeramobim e Quixadá.

2Fizemos também uma pesquisa documental, com análise específica dedocumentos legais, como os Parâmetros Curriculares Nacionais de História (PCN) do EnsinoMédio, Editais do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) do Ensino Médio, asDiretrizes Curriculares da Educação Básica e o último Guiam de Livros Didáticos do EnsinoMédio do PNLD. Além dos livros didáticos de história do Ensino Médio adotados pelasescolas pesquisadas e os Cadernos do projeto “Primeiro, aprender!” do eixo de LínguaPortuguesa, em que está inclusa a disciplina de História.Na sistematização da pesquisa fizemos a análise de todos os dados a partir daclassificação, organização e estabelecimento de relações entre os mesmos, visando a umareflexão no que diz respeito ao Ensino de História, confrontando teoria e prática no processoeducacional em foco na Educação Básica, em especial no Ensino Médio.Algumas perguntas nortearam nosso olhar: com a existência de Cadernos doprojeto “Primeiro, aprender!”, durante todo o Ensino Médio, os livros didáticos de História doEnsino Médio que vão para as escolas públicas do Estado do Ceará, em especial em Quixadá,são utilizados? Se afirmativo, como? Quais são as memórias marcantes de experiênciasvividas no Ensino de História, a partir dos usos dos livros didáticos de História e do Projeto“Primeiro, aprender!”?1- Refletindo sobre o Ensino de Historia no Ensino MédioO Ensino Médio é a etapa conclusiva da Educação Básica, conforme a nossa Leide Diretrizes e Bases da Educação em vigor (Lei no. 9394/96). Sendo assim, é a derradeiraoportunidade, escolar oficial, que a maioria dos educandos brasileiros tem para aprender erefletir sobre os diferentes fatos e acontecimentos que marcaram nossa História e dahumanidade como um todo, considerando que a formação cidadã passa pelo acesso a memóriahistórica constituinte da identidade de um povo.Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino médio, homologados em1999 pelo Ministério da Educação, buscam uma educação amparada no “aprender a conhecer,aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser” (BRASIL, 1999, p. 286). Os PCNforam instituídos buscando dar significado ao conhecimento escolar mediante acontextualização, e evitar a compartimentalização mediante a defesa da interdisciplinaridade.A proposta para o Ensino Médio é a formação geral, em oposição à formação específica; o

3desenvolvimento da capacidade de pesquisar, buscar informações, analisá-las e selecioná-las;a capacidade de aprender, criar e formular, ao invés do simples exercício de memorização.Por outro lado, segundo o artigo 13 das Diretrizes Curriculares Nacionais para oEnsino Médio, homologadas em janeiro de 2012, as propostas curriculares deverãocontemplar:- as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixosintegradores entre os conhecimentos de distintas naturezas;- o trabalho como princípio educativo;- a pesquisa como princípio pedagógico;- os direitos humanos como princípio norteador;- a sustentabilidade socioambiental como meta universal.No que diz respeito a disciplina de História partimos do pressuposto que a histórianão é simplesmente um acúmulo de fatos e datas organizados de forma cronológica prontopara serem memorizados, é, antes, tempo constituído na relação com o outro, nas experiênciascompartilhadas. Torna-se imprescindível, portanto, fazer “uma narrativa densa o bastante,para lidar não apenas com a sequência dos acontecimentos e as intenções conscientes dosatores nesses acontecimentos” (BURKE,1995:339)mas também com as estruturas -instituições, modos de pensar etc. Podemos afirmar, portanto, que a memória histórica é algoinerente à formação cidadã, e, de início, requer um estudo, crítico e reflexivo para aquisiçãode conhecimentos referentes aos fatos que constituíram e constituem a nossa História. Comonos lembra MONTEIRO (2013):a relação com o presente, que é constantemente proposta pelos professores deHistória em suas aulas, como forma de propiciar a compreensão de processos efatos de outras sociedades em outros tempos, apresenta-se como alternativa que,por meio da comparação, permite a compreensão do ‘estranho’, do diferente, aomesmo tempo em que possibilita a desnaturalização deste presente que passa a seranalisado em perspectiva histórica. (p.222)Desta forma é importante que, em pleno século XXI, o ensino-aprendizagem deHistória esteja voltado para a construção da cidadania efetiva, em que é imprescindívelproblematizar o que será ensinado, por exemplo, a partir do que consta nos livros didáticos ouem qualquer outro material, fazer indagações que estimulem docentes e discentes a pensaremde forma reflexiva e que favoreça uma postura transformadora diante da sociedade, comoprotagonistas da cena histórica que se desenrola a cada dia, e não como figurantes. O ensinode História assim, comprometido, viabiliza o que afirma Schmidt (1999:56): “Na sala de aula

4se realiza um espetáculo cheio de vida e de sobressaltos”, ou seja, a compreensão da lutapermanente e necessária na concretização da formação cidadã.2- O livro didático de Historia na percepção dos professoresUma das formas de viabilizar o acesso às informações históricas é através do livrodidático. Por isso, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) constitui-se hoje uma dasmaiores políticas públicas do Brasil tanto em questão de investimento de verbas públicas emeducação, quanto em dar acessibilidade ao livro para todos os alunos da Educação Básica deescolas públicas, dos mais diferentes recantos do País.De acordo com FREITAS e OLIVEIRA (2014) o PNLD já viabilizou muitasmodificações na feitura do livro didático, tentando romper com a “cristalização de umaconcepção”, ou seja, “o livro estruturava o trabalho na sala de aula, motivando muito pouco ainiciativa e a autonomia do professor.” (p.17)Após muitas reivindicações e lutas de órgãos competentes a partir de 2006 todos osalunos do Ensino Médio de escolas públicas também passaram a ser contemplados com aaquisição gratuita de livros didáticos em diferentes disciplinas a cada triênio do PNLD,primeiro atendendo as disciplinas de Português e Matemática, nos anos seguintes foraminclusas as demais disciplinas, entre elas a História, e no final da primeira década do séculoXXI todas as disciplinas do Ensino Médio são contempladas com livros distribuídos peloPNLD. Fato que fortaleceu, a priori, consideravelmente a perspectiva da educação escolarbrasileira. Como destaca SILVA (2014):Tento em vista as cobranças governamentais que ‘impõem’ novas regras quanto àqualidade dos livros a serem comprados com verbas públicas, as editoras tentam seadequar, pois, como sabemos, por exemplo, com relação à disciplina de Historia, as‘cobranças’ concernem a coerência nos aspectos conceituais, historiográficos,pedagógicos e jurídicos, mas não nas opções de abordagens teóricas que os autoresseguem. (p. 69)No decorrer da análise das respostas dos diferentes atores sociais que entrevistamosficou notória a compreensão da necessidade e valorização do livro didático com um suportefundamental no processo de ensino e aprendizagem. Como podemos verificar nas seguintesrespostas:

5o aluno que estuda história e não tiver acesso a textos é muito complicado (.) adisciplina de história exige muita leitura do aluno, então imagina o professor terque copiar isso em quadro né, então é assim um apoio muito grande ao professor dehistória e claro para aluno é fundamental. (coordenador da EEM Virgílio Távora)um alicerce interessantíssimo em sala de aula, porque a partir dele você tem umaquantidade enorme de atividades que podem ser realizadas, ele te oferece tarefasextras, filmes, documentários que podem ser utilizado.s (professor de História daEEM Virgílio Távora)o livro didático é o principal instrumento do processo de ensino e aprendizagem,nele o aluno tem diversas possibilidades de leitura, assim não só a escrita, masimagens, mapas”. (professora de História da EEFM Abraão Baquit)Ressaltamos que consideramos o livro didático como um documento que comportaoutros documentos, como um caleidoscópio (SILVA, 2014), com diferentes possibilidades deusos, a depender das opções dos sujeitos que o usam.3-O Projeto “Primeiro, aprender!” no cotidiano escolarNo Ensino Médio das escolas públicas do Estado do Ceará, no período de 20082014, para além do Livro Didático, foi utilizado em muitas escolas um projeto denominado“Primeiro, aprender!”, porque pesquisas do Sistema de Avaliação da Educação Básica(SAEB) e do Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica (SPAECE) em 2006 osalunos que ingressam no Ensino Médio no Estado tinham nível de leitura e compreensãoequiparado aos alunos do 5º. Ano do Ensino Fundamental. Diante deste quadro, em 2008 aSecretaria de Educação do Ceará constatou a necessidade de uma intervenção no 1º. Ano doEnsino Médio com vistas ao desenvolvimento e à consolidação de habilidades e competênciasbásicas necessárias para melhor acompanhar o último segmento da Educação Básica. Fato quenos faz lembra MACÊDO (2015) ao afirmar “a experiência vivida pela sociedade brasileirano âmbito da educação sempre se respaldou em amargura de pensamento e de ações concretaspara sua emancipação.” (p. 170).Na prática o projeto “Primeiro, aprender!” se constituiu uma espécie de apostiladenominada “Caderno do Aluno” e “Caderno do Professor”, divididos em dois blocos dedisciplinas: eixo da Língua Portuguesa (que além desta disciplina, inclui História, Filosofia,Arte, Educação Física e Inglês) e o eixo da Matemática (que inclui esta disciplina e Química,Física, Biologia e Geografia), e em três volumes.

6De acordo com entrevista feita com duas técnicas do CREDE 12 houveresistências de alguns professores com relação ao material do Projeto “Primeiro, aprender!”:O Primeiro Aprender! ele não veio com intenção de trabalhar conteúdos que foi oprimeiro entrave que nós vivemos assim com os professores, “ah mais o conteúdotal não esta sendo tratado no primeiro aprender”, mas o objetivo dele não era esse,daí agente falar da importância dessa sensibilização maior, então houve essaresistência e aí agente levanta outra questão “todos os professores sabem trabalhare entendem que a leitura não é uma preocupação apenas da língua portuguesa?”não, cada um se fecha no seu quadrado, vamos dizer assim, e não entende que aleitura principalmente né é um trabalho coletivo, é um trabalho interdisciplinar, eunão tenho como ensinar história se ele não ler ou não compreende o que lê, eleliteralmente não lê, então a leitura e a interpretação devem ser uma preocupação detodos, mas não são todos os professores, é uma minoria que compreende isso destaforma, então por não compreender e por ter essa limitações em trabalhar esseaspecto acabou-se que muitos professores não atenderam a proposta não faziam serecusavam, até mesmo em seus planejamentos diziam que trabalhavam o PrimeiroAprender! mas na prática não trabalhava, então foram ficando brechas”. (Técnicado CREDE 12)No Caderno do Aluno contem textos-base e um leque de tarefas com diferentestipos de textos fazendo uso de vários tipos de documentos, como, letras de músicas, listas,formulários, gráficos, poesias e diagramas. Exemplos uma questão referente às aulas 3 e 4 dovol. 1 do Caderno Primeiro, aprender!:Agora use sua criatividade e preencha os espaços em branco. Trata-se de umapoesia de Ferreira Gullar que fala sobre História.E a História humana não se desenrola apenasNos campos de batalha e nos gabinetes presidenciais.Ela se desenrola também nos ,Entre plantas e , nas ruas de ,(.)Disso eu quis fazer minha poesia,Dessa matéria humilde eDe vida e(.) (CEARÁ, aluno, p. 69)E no Caderno do Professor havia orientações didático-metodológicas gerais eespecíficas para cada aula e cada questão. Exemplo de orientação dada ao professor comrelação à questão 3 (citada acima) das aulas 3 e 4 do vol. 1 do Caderno Primeiro, aprender!:Questão 3Objetivo: experimentar a escrita de palavras de modo criativo.Nível de proficiência: fácil.Tipo de questão: completar lacunas em branco.Conhecimentos/conteúdos envolvidos: utilização competente de adjetivos,substantivos e verbos na elaboração de um texto de temática pré-definida.Resposta com notas explicativas: não há um repertório de respostas previsto. Oúnico critério a ser considerado é a coerência das palavras escritas no contexto dosversos. (CEARÁ, professor, p. 50)

7De acordo com as técnicas do CREDE 12 um dos motivos que dificultou o usoprevisto pelo Projeto “Primeiro, aprender!” foi à questão de muitos professores não lerem oManual do Professor que acompanha os Cadernos do projeto “Primeiro, Aprender!” o quesegundo as mesmas prejudica muito o trabalho em sala de aula do professor:Não que o professor tenha que seguir aquele manual que vem para o professor,àquelas orientações que vêm para o professor do livro didático a risca, mas éimportante aquela lição, porque você compreende o pensamento do autor, vocêbusca orientações, sugestões de trabalho nas palavras do autor do livro, e oPrimeiro Aprender! exigia isso, tinha um material de apoio ao professor, só quedigamos eu professora não gosto não tenho costume de ler o manual, a orientaçãoque vem do livro didático para o professor, então eu não fazia isso no PrimeiroAprender! então eu perdia muito também da minha aula. (Técnica do CREDE 12)O projeto foi pensado para ser executado apenas nos três primeiros meses do 1º.Ano do Ensino Médio, para corrigir uma distorção de leitura e interpretação dos alunosrecém-ingressos no Ensino Médio, porém, de acordo nossa pesquisa os usos destes cadernos,em algumas escolas chegavam a ser usado, em geral durante quase todo o primeiro semestre eem alguns casos quase o ano todo do 1º. Ano, conforme podemos observar nas seguintesfalas:três meses são em tese porque geralmente dá um pouquinho mais, uns quatro né,porque é de acordo com as aulas que vem corresponde exatamente a três meses, sóque a gente sabe que na prática as vezes a gente precisa mais de uma aula paratrabalhar aquela aula proposta pelo “Primeiro Aprender!”. Somando dá em tornode quatro meses. Infelizmente raramente foram entregue no começo do ano e agente acaba atrasando um pouco a proposta, se a gente iniciasse o ano junto comele e visse que o objetivo dele é suprir um pouco a defasagem que o aluno traz doensino fundamental seria melhor. (Coordenador pedagógico da EEM VirgílioTávora)esse material não é condizente com a totalidade do ano letivo, ele tem um períodode aplicação que deve se iniciar no começo do ano letivo e que geralmente vai até omês de setembro, de acordo com o calendário de aulas, pois cada caderno tem umaquantidade especifica de aula, que já é contabilizada e pronta para o professoraplicar.” (Diretor da EEFM Abraão Baquit)Percebemos que, no geral, quando trabalhado de forma clara e objetiva os Cadernos doProjeto “Primeiro, aprender!”, exerceram uma contribuição significativa no processo deaprendizagem de muitos alunos do Ensino Médio no Ceará, e por isso obtiveram oreconhecimento de muitos atores sociais da Educação escolar como podemos ver abaixo:Eu sou favorável ao projeto, gosto muito, oriento a todos os professores a utilizaçãodo projeto, além do mais, uma coisa muito boa que já tinha falado, mais reforço, éque são as aulas contextualizadas, com textos bem significativos que as vezesprendem um pouco mais a atenção do aluno e também pela própria forma deelaboração de um material de mais fácil acesso onde o aluno se sente mais

8encorajado a querer protagonizar e fazer sua própria produção. Já com relação aolivro didático às vezes as questões são tão difíceis que o aluno fica esperando aresposta do outro, olhando pelo outro, ou esperando que o professor dê orientação,já com relação ao projeto “Primeiro, Aprender!” não, o aluno se encoraja a mesmoprocurar resolver as questões. (Diretor da EEFM Abraão Baquit)Neste mesma perspectiva as técnicas do CREDE 12 salientaram que apesar de muitasdificuldades e recusas de alguns professore em trabalhar o projeto Primeiro, aprender hátambém o lado positivo daqueles professores que assumiram bem a proposta do projeto:de professores que viram o desempenho de seus alunos melhorarem muito com aaplicação do material do Primeiro Aprender!. De projetos que ganharam feiras deciências, feiras regionais, eventos, projetos que foram escritos em eventos externoshá escola e que saíram de dentro do Primeiro Aprender! (Técnica do CREDE 12)Considerações finaisTanto o livro didático quanto os cadernos do Projeto “Primeiro, aprender!” foramutilizados no 1º. Ano do Ensino Médio no Estado do Ceará nos últimos anos. São doismateriais com finalidades diferentes, assim os usos de um não precisariam anular os usos dooutro. Mas, de acordo com a pesquisa que fizemos os cadernos do Projeto, que eram para serutilizados apenas por três meses no início do ano letivo, em muitos casos acabou sendoutilizado quase o ano todo, o que provavelmente comprometeu os usos do livro didático deHistória no cotidiano escolar.Diante do exposto a questão que nos chama à reflexão é que o processo deavaliação, escolha, envio e posterior adoção do livro didático é complexo e envolve diferentesinstâncias, como o Mistério da Educação (MEC), autores de livros didáticos, editoras,secretarias de educação, Correios, professores, pais e alunos. Por outro lado, os Cadernos doProjeto “Primeiro, aprender!” foram criados com uma intencionalidade pontual e não com ointuito de abordar o conhecimento curricular necessário para todo o Ensino Médio, como nocaso do Ensino de História. Além do que, esse material não passou por nenhum processoavaliativo que extrapolasse a Secretaria de Educação do Ceará.Compreendemos que seria muito difícil chegar a um acordo sobre os assuntos,temas ou objetos de estudo que deveriam fazer parte do currículo de História. Contudo,acreditamos que frente aos critérios impostos pelo PNLD para aprovação dos livros didáticos

9de História estes estão minimamente mais adequados para favorecer um ensino na qualidadeque desejamos do que os Cadernos do projeto “Primeiro, aprender!”, que foram criados parauma finalidade específica e pontual e acabou se tornando, muitas vezes, conforme nossapesquisa, o único material de fato utilizado no decorrer da maior parte do 1º. Ano do EnsinoMédio do Estado do Ceará, apesar dos livros didáticos terem sido entregues a todos os alunostambém.Intentamos perceber os diferentes fios que se entrecruzam nas experiências daHistória Ensinada no Ensino Médio em Quixadá. Reflexões que, possivelmente darãosubsídios outras reflexões com necessário aprofundamento das pesquisas e dos debates queaproximam as ciências da Educação e da História no lócus escolar. Como destaca Nikitiuk(1996:10), “só uma coisa é certa: é preciso buscar.” Buscar perceber a tessitura que seconstrói no cotidiano da escola, da sala de aula. Por isso, estamos cientes de poder, com estapesquisa, contribuir para um repensar do ensino de História, tendo como pressuposto históricoa intervenção sócio-pedagógica dos usos ou desusos do livro didático de História como objetode estudo, além de outras experiências educacionais com outros recursos didáticos.ReferênciasBRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional do Livro Didático – Guia de LivrosDidáticos. Brasília, 1999. Matrizes Curriculares de Referência para o SAEB. Maria Inês Gomes de SáPestana et al. 2ª ed. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1999. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. Brasília: MEC –Secretaria de Educação Média e Tecnológica (Semtec), 1999. Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. PCN OrientaçõesEducacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais – CiênciasHumanas e suas Tecnologias. Brasília: MEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica(Semtec), 2002.BURKE, Peter (Org.) A Escrita da História - Novas Perspectivas. Trad. de Magda Lopes. 4ªEd. SP.: UNESP, 1995.CEARÁ. Secretaria da Educação do Estado. Primeiro, aprender! Língua Portuguesa,História, Filosofia, Arte, Educação Física, Língua Inglesa. Caderno do Aluno, vol. 2.Fortaleza: SEDUC, 2008.

10CEARÁ. Secretaria da Educação do Estado. Primeiro, aprender! Língua Portuguesa,História, Filosofia, Arte, Educação Física, Língua Inglesa. Caderno do Professor, vol. 2.Fortaleza: SEDUC, 2008.FREITAS, Itamar e OLIVEIRA, Margarida Maria Dias de. Programa Nacional de LivroDidático – PNLD: Processo de uma Política e Possibilidades de Aperfeiçoamento. In.: Paraque(m) se avalia? Livros Didáticos e avaliações (Brasil, Chile, Espanha, Japão, México ePortugal). Organizadoras Margarida Maria Dias de Oliveira, Aryana Costa. Natal, RN:EDUFRN, 2014.MACÊDO, Joana D’Arc Ferreira de. Vozes dos Alunos do Ensino Médio: narrativas eexperiências sobre o ENEM. In.: Temas de educação: olhares e caminhos. OrganizaçãoElione Maria Nogueira Diógenes, Francisco Ari de Andrade. Curitiba, PR: CRV, 2015.MONTEIRO, Ana Maria. Livros didáticos de história para o ensino médio e as orientaçõesoficiais: processos de recontextualização e didatização. In.: Paisagens da PesquisaContemporânea sobre o Livro Didático de História. Maria Carolina Bovério Galzerani;João Batista Gonçalves Bueno; Arnaldo Pinto Júnior (Orgs). Jundiaí: Paco Editorial;Campinas: Centro de Memória/Unicamp, 2013.NIKITIUK, Sônia L (org.). Repensando o Ensino de História. São Paulo: Cortez, 1996.SCHMIDT, Maria Auxiliadora. “Saber Histórico na Sala de Aula”. In.: ANAIS. III EncontroPerspectivas do Ensino de História. Curitiba: Aos 4 ventos, 1999.SILVA, Isaíde Bandeira da. O Livro Didático de História no Cotidiano Escolar. Curitiba:Appris, 2014.

2- O livro didático de Historia na percepção dos professores Uma das formas de viabilizar o acesso às informações históricas é através do livro didático. Por isso, o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) constitui-se hoje uma das maiores políticas públicas do Bras

Related Documents:

HIST 3144 American Environmental History HIST 3164 Sexuality in American History HIST 3174 Native American History HIST 3304 World of Alexander the Great HIST 3354 Reform & Rev Early Mod England HIST 3374 French Empire HIST 3544 World War II HIST 3554 Age of Globalization HIST 3564 The Cold War .

RIA in a Bo LLC RIA in a Bo Consulting Services "Adaptability is about the powerful difference between adapting to cope and adapting to win." - Max McKeown Advisers Seek Sustainable Growth In a recent survey conducted by RIA in a Box, 89% of registered investment advisor (RIA) firms indicated growth as a priority for the coming year.

ANSI Standards Framework 4 RIA AWS S ANSI/ RIA R15.02 Design of Robot Control Pendants - inactive ANSI/ RIA R15.05 Performance Characteristics - inactive ANSI/ RIA R15.06 Safety of Robots, Integration of Robots, Robot Systems, Robot Cells ANSI/ RIA R15.07 Robot Offline Programming - i

Oticon Ria is built on the Inium platform and is our best performing hearing solution in the essential category. The audiology in Ria provides its users essential listening performance and allows to factoring in listening preferences and needs of each client. The Ria family styles range from compact In-the-Ear styles to a broad palette

HIST 211 World Cultures I 3 HIST 212 World Cultures II 3 HIST 360 History of War 3 HIST 354 Civil War and Reconstruction 3 POLS 200 Foundations of Public Policy 3 POLS 210 Comparative Government 3 HUMN Flex Course (Recommend Literature) 3 HIST 354 Civil War and Reconstruc

GEOG 210, GEOG 220, HIST 110, HIST 120, HIST 210, HIST 211, HIST 212, HUMN 211, HUMN 212, MUSI 210, MUSI 260, PHIL 210, PHIL 212, PHIL 220, POLI 200, POLI 210, POLI 220, THEA 203, SOCI 210, SWRK 220, or any 100- or 200-level course; A foreign langua

literários para o ensino de Geografia do 7 ano do ensino fundamental e, ainda, elaborar uma proposta didática de como usar os textos literários. Utilizar metodologias de ensino que consigam inserir os alunos no seu contexto social, através de diálogos abertos, irá tornar o ensino da Ge-

Resumo Uma das grandes preocupações das instituições de ensino superiores está centrada na discussão sobre a necessidade de melhoria contínua do processo de ensino-aprendizagem. . A contabilidade geral é uma disciplina indispensável na formação do futuro contabilista. Para isso, é essencial que o seu ensino possa criar e estimular .