INTRODUC;AO - Ministério Público Do Estado Da Bahia

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Coordenac:iio editorial: Jose Carlos de CastroPreparac:iio de texto: Lisabeth Bansi GiattiCapa: foto de Eduardo SantaliestraComposic:iio: Linotipadora ExpressalMPRESSA,O E ACABAMENTOBartira GnWcaBEditora Uda.SUMARIOCados de CatalogaCao na PublicaCao (CIP) Internacional(Camara Brasileira do Uwo;-S Brasil)'\S134pSaffioti, Heleieth I.B.0 poder do macho / Heleieth I.B. Saffioti. -- SaoPaulo: Moderna, 1987. (Cole ao polemicalBi b lio gr af ia.1. Discrimina ao 2. Discrimina ao - Brasil3. Discrimina ao contra mulheres 4. Machismo I. Titu lo. II. Serie.IntrodUl;ao51. Papeis sociais atribufdos as diferentes categorias de sexo .82. A quem serve a rela\(ao de dominac;ao da mulher pelo homem?213. A supremacia masculina na sociedade capitalista.414. Contradic;6es da ideologia liberal.685. Uma estrategia de luta.866. Vale a pena .4287-17141.2.3.4.5.6.Indices para catalogo sistematico:Brasil : Discrimina ao : Sociologia 305.0981Discrimina ao : Aspectos sociais 305Discrimina ao contra mulheres : Sociologia 305.42Machismo: sociologia 305.3Papeis sociais e sexo 305.3Sexo e papeis sociais 305.3ISBN 85-16-00364-7Todos os d i reilos reservadosEDITORA MODERNA LTDA.Hu .l Padre Adelino, 758 - BelenzinhoSao Paulo - SP - Brasil - CEP 03303-904Vendas e Atendimento, Tel. (0 11) 6090-1500Fax (0 11) 6090-1501WV\rw.moderna.com.br2001Impressa no Brasil.Sugest6es de leitura119

INTRODUC;AO"A doutrina materialista de que os seres humanos sao produtoses humanos transfor das circunstancias e da educac;ao, [de qmados sao, portanto, produtos de outras circunsta cias e de uma edu cac;ao mudada, esquece que as circunstancias sao ransformadas pre cisamente pelos seres humanos e que 0 educador tern, ele proprio,de ser educado. Ela acaba, por isso, necessariamente, por separar asociedade em duas partes, uma das quais fica elevada acima da so ciedade.A coincidencia do mudar das circunstancias e da atividade huma na so pode ser tomada e racionalmente entendida como praxis revo lucionante." (Marx e Engels, Obras escolhidas, Moscou, Edic;5es Pro gresso, 1. 1, Lisboa, Edic;5es Avante, 1982.)A Marcos Nogueira, ser humano deprimeira categoria, com quem muito aprendi.Embora eu esteja ha urn quarto de seculo estudando a tematicafeminina, nunca havia escrito para nao-iniciados, para aqueles quenao dominam a terminologia cientifica.Quando a Editora Moderna me convidou para escrever urn livropara a Colecao Polemica, senti aquela coceira gostosa provocada pela novi dade. Todavia, eu estava habituada a usar uma linguagem muito especifica,rigorosamente cientffica, conhecida, em boa gfria brasileira, por sociologues.Seria capaz de abandonar a terminologia sociol6gica, para trocar em miudosalgumas amilises que havia realizado?Muitos, ai inclusos amigos meus, opinaram que eu so sabia es crever sociologues. Resolvi, pois, tomar estas afirmac;5es como desa fios. Mas nao foram elas os unicos fatores de meu empenho emtraduzir para uma linguagem simples ideias que eu ja havia escritoem linguagem fechada, hermetica, sisuda. Havia tambem 0 desafio,e este me provocava ainda maior coceira, de dialogar com jovens,de lhes propor uma nova estrategia de luta, de lhes oferecer elemen tos para a escolha de uma vida mais feliz.Ademais, 0 publico que Ie portugues e infinitamente maior doque aquele que Ie sociologues. Perguntei-me, entao, insistentemente,se nao era chegado 0 momenta de tentar passar para este publicouma parte de minha experiencia. Fiz-me esta pergunta enquanto edu cadora. Na profissao de professora universitaria, nao havia eu de sempenhado esta fun ;ao de explicar, isto e, de tomar simples ecompreensiveis conceitos complexos, que denominam fenomenos com plicados? Nito procedo da mesma maneira quando fac;o conferenciaspara publicos pouco instruidos e ate mesmo analfabetos? Nada jus tificava, portanto, que eu deixasse de tentar a feitura deste pequenoUvro. Assim, lancei-me a Iuta e dela lhes apresento, agora, 0 fruto.Cabeni a voces julgar-Ihe 0 gosto.De minha parte, confesso que a experiencia me ensinou muito eme causou enorme prazer. Por vezes, tinha a impressao de estardiante de voces, em pessoa, batendo papo. Esperoque sintam 05

mesmo. Mas, se assim nao ocorrer, isto significa que ainda devoaprender muito para me comunicar com este publico. Embora eu sejabern mais velha que os meus leitores, estarei disposta a come ;ar denovo, tentando outro metodo de abordagem. Se este for 0 caso, quemsabe, urn dia, chegarei laoEste pequeno livro destina-se a todo e qualquer jovem dispostoa conhecer urn pouquinho sobre fenomenos crueis, como a discrimi nayao contra a mulher e contra 0 negro, na sociedade brasileira. Mui tos dos fatos aqui abordados nao sao exclusivos deste pais. Lamenta velmente, apresentam-se, com maior ou menor intensidade, em todasas partes do mundo. Sempre que 0 espayoermitiu, referencias aoutras na ;6es foram feitas. 0 objetivo fundam ntal desta obra, po rem, consiste em levar 0 jovem a conhecer melh r seu proprio pais,o nosso pais. Obviamente, 0 Brasil nao esta isolado do resto do mun do. E isto tern tanta importancia que, sempre que possivel, se pro curou mostrar como cada nac;:ao danc;:a a musica tocada no cenariointernacional.E por falar em musica, voces perceberao, atraves das letras dasmusicas populares brasileiras que utilizei, como estes fenomenos com plicados sobre os quais escrevem sociologos, cientistas politicos, an tropologos, estao presentes na vida cotidiana de cada urn. Se assimnao fora, 0 poeta, 0 musico, 0 artista, nao os teriam posta em versos,em telas, em filmes. Quantas lic;:6es nao se podem tirar de uma idaao cinema, da atividade de ouvir musica, de visitar museus! Bastaestar atento e dispor de alguns instrumentos de analise para ir fundono processo de esquadrinhamento desta nossa realidade social taoinjusta, iniqua, hipocrita.Minha inten ;ao ao escrever este livro foi introduzi-los neste tipode ObSf;rVa ;aO, de raciocfnio, de analise. Genericamente falando, oshomens nao se interessam pela tematica feminina. Voces ja se per guntaram sobre 0 porque desta indiferen ;:a? De urn lado, muita gentetrabalhou bastante para por na cabe ;a dos rapazes que este assuntodiz respeito exclusivamente as mulheres. De outro, os rapazes foramalvo da maci ;:a propaganda que rotula todo e qualquer feminismoatraves da conota ;:ao pejorativa do feminismo radical.No entanto, a razao mais importante do desinteresse dos homenspela problematica feminina reside no fato de que, em geral, nao seIhes mostra a face oculta do "privilegio" do macho. E por que nao 0fazem? Ora, no momenta em que 0 homem entender que tambem elee prejudicado pelas discrimina ;6es praticadas contra as mulheres, a6supremacia masculina estara ameac;:ada. E com ela estarao tambemamea ;:ados 0 duplo padrao de moral que alimenta a familia burguesa,a propria familia, 0 dominio dos poderosos. 0 mesmo pode ser ditocom rela ;:ao a discriminac;:ao contra negros.Houve epoca em que as estudiosas da problem itica feminina naoconstituiam nenhuma amea ;:a. Tratava-se, segundo a opiniao geral, deurn assunto secundario que so interessava aquelas feministas tidas ehavidas como mal-amadas. Contudo, a medida que se foram produ zindo estudos serios sobre 0 assunto, este foi deixando de ser inofen sivo e foi passando a ser subversivo.Por que 0 tratamento dispensado ao tema neste livro e subver sivo? Porque nao aceita mitos, nem hipocrisias, nem desumaniza ;:aode homens e mulheres, subverte a ordem estabelecida, questiona-a,transforma-a. E isto, e claro, nao ocorre apenas no livro; aconteceno dia-a-dia de cada urn, nas lutas coletivas, nos movimentos po liticos.o que fa ;o basicamente neste livro e sugerir a todos os jovens- mo ;as e rapazes - urn novo caminho, conducente a uma socie dade menos injusta, menos iniqua, menos castradora. Embora estecaminho possa nao ser 0 melhor, nem mesmo 0 unico, para a cons tru ;ao de rela ;6es igualitarias de genero, isto e, entre homens e mu Iheres, e inter-raciais, ou seja, entre representantes de diferentes ra ;as,sem duvida e muito superior aos modelos que gera ;6es sucessivasvern repetindo ao longo da historia. Desta sorte, a sugestao do cami nho esta feita. A maneira de trilha-lo constituira tarefa de cada urn.7

I. PAPE'.IS SOCIAlS A TRIBUfDOSAS DIFERENTES CATEGORIASDE SEXOIntrodu ao \Nao e dificil observar que homens e mulheres nab ocupam posi foes iguais na sociedade brasileira. Embora este fenomeno nao sejaexclusivo do Brasil, e sobre esta naC;ao, fundamentalmente, que inci dira a analise aqui desenvolvida.A identidade social da mulher, assim como a do homem, e cons truida atraves da atribuic;ao de distintos papeis, que a sociedade es pera ver cumpridos pelas diferentes categorias de sexo. A sociedadedelimita, com bastante precisao, os campos em que pode operar amulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que podeatuar 0 homem.A socializa ;ao dos filhos, por exemplo, constitui tarefa tradicio nalmente atribuida as mulheres. Mesmo quando a mulher desempe nha uma func;ao remunerada fora do lar, continua a ser responsabili zada pela tarefa de preparar as gera ;oes mais jovens para a vidaadulta. A sociedade permite a mulher que delegue esta func;ao a outrapessoa da familia ou a outrem expressamente assalariado para estefim.Todavia, esta "permissao" so se legitima verdadeiramente quan do a mulher precisa ganhar seu proprio sustento e 0 dos filhos ouainda complementar 0 salario do marido.Apenas nas classes dominantes a delegaC;ao desta tarefa de socia lizac;ao dos filhos nao necessita de legitima ;ao da necessidade detrabalhar. Este tipo de mulher pode desfrutar de vida ociosa, pelomenos no que tange ao trabalho manual que a educac;ao dos filhosexige. Contudo, esta mulher nao esta isenta de orientar seus rebentos,assim como de supervisionar 0 trabalho de servic;ais contratados, emgeral tambem mulheres, para 0 desempenho desta func;ao.Nota-se, claramente, que a vida de mulher varia segundo a classesocial dos elementos do sexo feminino. Se a operaria gastaduas horas8por dia no transito, mais oito na fabrica, e quatro nos servic;os do mesticos, a burguesa dispoe de servic;ais que executam os trabalhosuomesticos em sua residencia. No seio das classes medias e grande auiferenciac;ao. Nestas classes, dada a enorme varia ;ao de renda quec.:omportam, encontram-se desde mulheres donas-de-casa, que se dedi c.:am exclusivamente aos cuidados da residencia, do marido e dos fi Ihos, ate aquelas que trabalham fora. Dentre estas ultimas tambemha gigantescas diferenc;as. Ha secretarias, cujo irrisorio salario naoIhes permite contratar nenhum tipo de auxiliar para a execuc;ao dosservic;os domesticos. Outras trabalhadoras, em virtude de seu nivelde renda, so podem contratar empregadas em tempo parcial ou faxi neiras. Outras, ainda, por receberem urn salario mais alto, contratamservic;ais para desempenharem, em seu lar, os trabalhos que lhes cor respondem enquanto mulheres.Nao obstante todas estas diferen ;:as, que tornam ,a vida de mu lher mais ou ltlenOS dificil, a responsabilidade ultima pela casa e pe los filhos e imputada ao elemento feminino. Torna-se, pois, clara aatribui ;:ao, por parte da sociedade, do espac;o domestico a mulher.Trabalhando em troca de urn salario ou nao, na fabrica, no escritorio,na escola, no comercio, ou a domicilio, como e 0 caso de muitasmulheres que costuram, fazem croche, trico, doces e salgados, a mu Iher e socialmente responsavel pela manutenc;ao da ordem na residen cia e pe1a criac;aoe educa ;:ao dos filhos. Assim, por maiores que se jam as diferenc;as de renda encontradas no seio do contingente femi nino, permanece esta identidade basica entre todas as mulheres.A sociedade inyeste muito na naturaliza9iio deste processo. Istoe, tenta fazer crer que a atribui ;:ao do espac;o domestico a mulherdecorre de sua capacidade de ser mae. De acordo com este pensa mento, e natural que a mulher se dedique aos afazeres domesticos,ai compreendida a socializa ;:ao dos filhos, como e natural sua capa cidade de conceber e dar a luz.Todavia, ha sociedades nas quais a mulher nao interrompe suasatividades extralar, inclusive a fun ;:ao da calia, quando tern urn filho.Ha tribos indigenas brasileiras cujas mulheres, em seguida ao parto,banham-se nas aguas de urn rio e retomam imediatamente sua labuta.Nestas tribos, cabe ao pai fazer repouso e observar uma dieta ali mentar especial. Este costume chama-se couvade. Esta pratica revelaque 0 proprio parto, quase sempre entendido apenas enquanto func;aonatural, assume feic;oes sociais diferentes no espa ;:o e no tempo. Ouseja, cada sociedade elabora distintos significados para 0 mesmo feno menu natural.9

Este sentido especifico de um fenomeno natural, formulado dediferentes maneiras por distintas sociedades, constitui sua dimensaosocial, cultural ou sociocultural. Este aspecto nao deve jamais ser es quecido, uma vez que ser mulher ou ser homem nao e a mesmacoisa numa sociedade catolica e numa sociedade muc;ulmana, parexemplo.E exatamente esta dimensao sociocultural que permite com preender a famosa frase de Simone de Beauvoir, em a segundo sexo:"ninguem nasce mulher; torna-se mulher".Rigorosamente, os seres humanos nascem machos ou femeas. Eatraves da educac;ao que recebem que se torna mens e mulheres.A identidade social e, portanto, socialmente constr,'da. Se, diferen temente das mulheres de certas tribos indigenas bras eiras, a mulhermoderna tern seus filhos geralmente em hospitais,e bserva determi nadas proibic;6es, e porque a sociedade brasileira de hoje construiudesta forma a maternidade. Assim, esta func;ao natural sofreu umaelaborac;ao social, como alias, ocorre com todos os fenomenos natu rais. Ate mesmo 0 metabolismo das pessoas e socialmente condicio nado. Pessoas que nao foram habituadas a comer determinados ali mentos, nao raro nao conseguem faze-Io quando se encontram emsociedades que adotaram este tipo de alimentac;ao. Se, porventura, fo rem obrigadas a ingeri-Ios, nao conseguem metaboliza-Ios, dado 0asco por eles provocado.E proprio daespecie humana elaborar socialmente fenomenosnaturais. Por esta razao e tao dificil, senao impossivel, separar anatureza daquilo em que ela foi transformada pelos proce ;sos socio culturais. A natureza traz crescentemente a marca da intervenc;ao hu mana, sobretudo nas sociedades de tecnologia altamente sofisticada.Ha, portanto, ao lange da historia, uma humanizac;ao da natureza,uma domesticac;ao da natureza por parte do ser humano. Este pro cesso caracteriza-se, como tudo na vida social, pela contradic;ao. Se,por urn lado, revela a capacidade humana de colocar a natureza aseu servic;o, por outro, interfere no ecossistema, destruindo, muitasvezes, 0 equilibrio ecologico.Ecologistas e associalXoes de ecologia vern, insistentemente, aler tando as autoridades para as conseqiiencias desastrosas de determina das intervenc;oes humanas na natureza. E 0 caso, por exemplo, dodesmatamento indiscriminado, da poluic;ao dos rios por produtos qui micos que matam os peixes, do uso de agrotoxicos em culturas ali mentares etc.No momento atual, dada a ac;ao prolongada do ser humano so bre a natureza, praticamente tudo que cerca as populac;oes traz 010carimbo sociocultural. Nao basta, entretanto, conhecer a capacidadehumana de transformar 0 reino natural. E preciso atentar para 0 pro ccsso inverso, que consiste em naturalizar processos socioculturais.Quando se afirma que e natural que a mulher se ocupe do espa ;otlomestico, deixando livre para 0 homem 0 espa ;o publico, esta-se,rigorosamente, naturalizando urn resultado da historia.Dada a desvalorizac;ao social do espac;o domestico, os poderosostern interesse em instaurar a crenc;a de que este papel sempre foitlesempenhado por mulheres. Para a solidificac;ao desta crenc;a nadamelhor do que retirar desta atribui ;ao de papeis sua dimensao socio cultural. Ao se afirmar que sempre e em todos os lugares as mulheresse ocuparam do espac;o domestico, eliminam-se as diferenciac;oes his toricas e ressaltam-se os caracteristicos "naturais" destas func;oes.Tais papeis passam a se inscrever na "natureza feminina". Destaforma, a ideologia cumpre uma de suas mais importantes finalidades,ou seja, a de mascarar a realidade. Como falar em uma "naturezafeminina" ou em uma "natureza masculina" se a sociedade condi ciona inclusive 0 metabolismo das pessoas? Diferentemente dos ou tros animais, os seres humanos fazem historia. Alem disso, as gera c;oes mais velhas transmitem esta historia as gerac;oes mais jovens,que partem de urn acervo acumulado de conhecimentos.B preciso atentar, porem, para os diferentes significados da his t6ria. Do ponto de vista das classes sociais, podem-se distinguir, basi camente, dois sentidos da historia: 0 das classes dominantes e 0 dasclasses subalternas. Do angulo das categorias de sexo, as mulheres,ainda que fac;am hist6ria, tem constituido sua face oculta. A hist6riaoficial pouco ou nada registra da aC;ao feminina no devenir hist6 rico. Isto nao se passa apenas com m\,:heres. Ocorre com outrascategorias sociais discriminadas, como negros, indios, homossexuais.Deste fato decorrem movimentos sociais, visando ao resgate da me moria, geralmente nao registrada, destes contingentes humanos que,atuando cotidianamente, ajudar m e ou ajudam a fazer hist6ria.E de extrema importancia compreender como a naturaliza9[iodos processos socioculturais de discriminac;ao contra a mulher e ou tras categorias sociais constitui 0 caminho mais facil e curto paralegitimar a "superioridade" dos homens, assim como ados brancos,ados heterossexuais, ados ricos.11

A ffinferioridade" da mulherPresume-se que, originariamente, 0 homem tenha dominado amulher pela for ;a ffsica. Via de regra, esta e maior nos elementosmasculinos do que nos femininos. Mas, como se sabe, ha exce ;6esa esta regra. Variando a for ;a em fun ;ao da altura, do peso, daestrutura ossea da pessoa, ha mulheres detentoras de maior for ;affsica que certos homens.Em sociedades de tecnologia rudimentar, S detentor de grandefor ;a ffsica constitui, inegavelmente, uma vanta m. Em sociedadesonde as maquinas desempenham as fun ;6es mais rutas, que reque rem grande for ;a, a relativa incapacidade de levan ar pesos e realizarmovimentos violentos nao impede qualquer ser umana de ganharseu sustento, assim como 0 de seus dependentes. Rigorosamente, poretanto, a menor for ;a ffsica da mulher em rela ;ao ao homem naodeveria. ser motivo de discrimina ;ao. Todavia, recorre-se, com fre qiiencia, a este tipo de argumento, a fim de se justificarem as dis crimina ;6es praticadas contra as mulheres.A for ;a desta ideologia da "inferioridade" da mulher e tao gran de que ate as mulheres que trabalham na enxada, apresentando maiorprodutividade que os homens, admitem sua "fraqueza". Estao de talmaneira imbuidas desta ideia de sua "inferioridade", que se assumemcomo seres inferiores aos homens.o mero fa to de a mulher deter, em geral, menos for ;a ffsicaque 0 homem seria suficiente para "decretar" sua inferioridade? Osfatos historicos indicam que nao. Somente para ilustrar esta questao,eVoca-se 0 fa to de que em todos os momentos de engajamento de urnpovo em uma guerra, via de regra, os homens sao destinados ao com bate, enquanto as mulheres assumem as fun ;6es antes desempenhadaspelos elementos masculinos. Por que sao elas capazes de trabalharem qualquer atividade para substituir os homens-guerreiros, devendoretornar ao cuidado do lar uma vez cessadas as a ;6es belicas? Ade mais, nos ultimos anos, vem-se assistindo a uma participayao cres cente de mulheres em atividades belicas. Contingentes femininosapreciaveis tern participado nao apenas de guerrilhas, mas tambemtern assumido fun ;6es em exercitos convencionais.A Nicaragua ilustra bern este fato. Tendo participado da guer rilha que levou 0 atual regime ao poder em julho de 1979, muitasmulheres integram as tropas regulares daquele pais. No exercitonicaragiiense

adulta. A sociedade permite a mulher que delegue esta func;ao a outra pessoa da familia ou a outrem expressamente assalariado para este fim. Todavia, esta "permissao" so se legitima verdadeiramente quan do a mulher precisa ganhar seu proprio sustento e . 0 . dos filhos ou . ainda complementar . 0 . salario do marido.

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